Copa traz novas tecnologias na tela da TV e nos bastidores

Gustavo Brigatto – Valor Econômico

Evento esportivo mais assistido no mundo, a Copa sempre foi um terreno fértil para a aplicação de novas tecnologias de produção e transmissão de conteúdo de vídeo.

Foi assim, por exemplo, com as cores na década de 1970 e o recurso tridimensional (3D) em 2010. No mundial da Rússia, algumas novidades vão ser facilmente percebidas pelos espectadores, como a exibição dos jogos em resolução ultra-alta, ou 4K. Outras fazem diferença nos bastidores.

O Grupo Globo está usando equipamentos e conexões por redes 4G e de fibra óptica, no lugar do tradicional link via satélite para o envio das imagens ao Brasil. “O custo da banda é menor e o delay [atraso do áudio e das imagens] cai de segundos para milissegundos”, diz Roberto Primo, diretor de tecnologia da Globosat, programadora de conteúdo de vídeo do Grupo Globo.

Segundo Primo, as 23 equipes de reportagem despachadas à Rússia estão equipadas com um kit composto de um laptop, uma câmera e um equipamento para transmissão ao vivo que se conecta à rede de telefonia celular. O conjunto, batizado de “mochilink” (pois as primeiras versões eram do tamanho de uma mochila), substitui os caminhões, de onde os profissionais enviavam o sinal ao satélite, reproduzido depois ao Brasil.

O material captado na Rússia é enviado diretamente à central de produção da Globosat, no Rio, de onde é repassado para o canal SporTV e para a TV Globo. O mesmo acontecerá com o material dos 64 jogos gerados pela Fifa, que faz a transmissão oficial das partidas, e com as duas câmeras exclusivas que a TV Globo terá nos estádios.

Um fato curioso, segundo Primo, é que na Copa do Brasil, em 2014, foram as câmeras da Globo que captaram o momento que o jogador Suárez, do Uruguai, mordeu o zagueiro italiano Chiellini na partida que garantiu a presença da celeste nas oitavas de final do torneio, em Natal. As imagens foram repassadas à Fifa e então distribuídas a outras emissoras ao redor do mundo.

Primo explicou que o novo formato de transmissão – testado na Olimpíada do Rio em 2016, e na Copa das Confederações no ano passado – reduziu em cerca de 60 o número de profissionais envolvidos na operação. Assim, em vez de 250, a equipe enviada à Rússia ficou com 190 pessoas.

Na Fox, que comprou da Globo os direitos de transmissão dos jogos da Copa para o seu canal Fox Sports, as principais novidades tecnológicas são o uso de uma mesa com tela sensível ao toque para fazer a análise tática dos jogos e de um recurso que está sendo chamado de “teletransporte”. Com ele, apresentadores que estão no Brasil e na Rússia aparecem na tela como se estivessem juntos no mesmo estúdio. “A única indicação de que eles não estão juntos é o delay no áudio”, disse Michel Piestun, diretor da Fox Networks no Brasil. A Fox Sports está com uma equipe de 100 pessoas na Rússia, segundo Piestun.

Além dos canais nas operadoras de TV por assinatura, os jogos da Copa poderão ser assistidos por meio do aplicativo Fox+, um serviço de assinatura com conteúdo dos 11 canais que a companhia lançou em abril. A mensalidade é de R$ 34,90.

Na Copa de 2018, a Fifa terá 35 câmeras cobrindo cada jogo. Dessas, 16 operam com tecnologia 4K. Pela primeira vez, toda a captação das imagens dos jogos será feita com essa tecnologia.

As operadoras Net e Oi anunciaram que vão oferecer conteúdo nessa resolução para seus assinantes. O SporTV criou, em conjunto com a Samsung, um aplicativo que poderá ser usado por consumidores que compraram TVs da fabricante.

Na Rússia, a Fifa também fará, pela primeira vez, a transmissão dos jogos com realidade virtual. O recurso estará disponível por meio de aplicativos específicos de emissoras como a BBC, de Londres. No Brasil, nenhum canal investiu no formato.