Expansão de fibra lidera banda larga

Rodrigo Carro – Valor Econômico

O acesso via fibra óptica vem puxando a expansão do serviço de banda larga fixa no país. Desde o fim de 2015, a participação dessa tecnologia no mercado brasileiro mais que dobrou, passando de 5% para 11,9%, enquanto as conexões por meio de cabos coaxial e de cobre – dominantes no país – perderam espaço no período. No balanço dos três primeiros meses do ano, entre entradas e saídas de clientes, a banda larga fixa ganhou 978 mil novos usuários no Brasil. Desse total, quase a metade (478 mil) são conexões por fibra óptica.

Impulsionada pelo avanço da fibra, a velocidade média da banda larga no Brasil subiu 50,8% no primeiro trimestre de 2017, na comparação com o mesmo período de 2016, alcançando o patamar de 6,81 megabits por segundo (Mbps). Apesar da expansão, o país ainda estava abaixo da velocidade média global de conexão à internet (7,2 Mbps), segundo ranking global elaborado pela companhia Akamai para os três primeiros meses do ano passado. Na lista, o país aparece como 79º colocado, entre mais de 200 países pesquisados no primeiro trimestre deste ano.

Entre janeiro e março, quase 99% das conexões de banda larga contratadas no país tinham velocidade superior a 34 Mbps.

“A fibra é a tecnologia de médio e longo prazo”, disse Alfredo Pinto, sócio da consultoria Bain & Company. Levando-se em consideração a tecnologia utilizada para oferecer o serviço, a fibra óptica passou de 1,29 milhão de conexões em 2015 para 3,53 milhões em março deste ano.

Tecnologia mais utilizada no Brasil, o xDSL – que permite a transmissão de dados por meio dos cabos de cobre usados na telefonia fixa – perdeu abrangência no período. Passou de 13,25 milhões de conexões, ao fim de 2015, para 13,01 milhões em março. Telefônica, dona da marca Vivo, e Oi são as duas maiores operadoras que utilizam a tecnologia no Brasil.

Já o número de pontos de acesso de banda larga fixa com modem a cabo aumentou 10,8%, para 9,15 milhões no mesmo período. Maior operadora de banda larga fixa do país em número de acessos, a Claro Brasil – que reúne as marcas Claro, Net e Embratel – tem a maior parte de sua base atendida com modem a cabo.

“Quem no momento está puxando o crescimento da fibra são as operadoras competitivas”, afirmou Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco. As chamadas operadoras competitivas são pequenas e médias empresas que crescem principalmente em regiões não atendidas pelas grandes prestadoras.

Juntas, Telefônica Vivo, Claro e Oi respondiam ao fim de março por 77,3% do mercado nacional de banda larga fixa, ante um somatório de 85,9% no fim de 2015, de acordo com dados compilados pela Teleco. Paralelamente, cresceu a fatia das operadoras competitivas. A participação das competitivas somada à de TIM, Algar, Sky e Sercomtel (todas com participação de mercado inferior a 2%) chegou em janeiro a 22,1%, superando a fatia da Oi (21,4%, na época).

“As operadoras competitivas começaram mais tarde e pegaram a fibra óptica já com preços mais baixos”, afirmou Tude, da Teleco. Mesmo com a queda nos preços, é pouco provável que as operadoras em atuação no país substituam integralmente as tecnologias já instaladas baseadas na transmissão por cabo coaxial e cobre. “Por enquanto, as empresas de cabo são muito competitivas”, disse Pinto, da Bain & Company.

Na visão do especialista, o cabo coaxial atende perfeitamente aos patamares atuais de utilização de serviços de dados por clientes residenciais e pequenos negócios. “Mesmo nos Estados Unidos, a demanda dos usuários domésticos, em termos de velocidade e volume de dados, ainda é bem atendida por fornecedores que usam cabo coaxial”, comparou o executivo.

Tecnologias de transmissão de dados sem fio, como as usadas nas redes de quarta na quarta geração (4G) e na 4,5G, ainda não são páreo para a capacidade de entrega da fibra, disse Pinto. “A fibra continuará crescendo”, conclui o sócio da Bain & Company.