No Brasil, 40% afirmam não saber usar a internet

Luís Osvaldo Grossmann – Convergência Digital

O IBGE divulgou nesta quarta-feira, 21/02, novos dados sobre o uso da internet no Brasil, ainda decorrentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad C), realizada no fim de 2016. O cenário é de avanço na inclusão digital, muito beneficiada pela multiplicação dos smartphones e das conexões WiFi. Mas enquanto preço e disponibilidade se tornaram problemas secundários, os dados sugerem que a maior barreira ao acesso é o desconhecimento. Praticamente 40% dos brasileiros dizem não saber usar a internet.

“Os dois motivos mais apontados para a não utilização da rede – não sabiam usar a Internet (37,8%) e falta de interesse em acessar a Internet (37,6%) – abrangeram praticamente o mesmo percentual das 63,35 milhões de pessoas que não utilizaram a Internet no período. O serviço de acesso à Internet era caro, indicado por 14,3% das pessoas que não utilizaram a Internet, foi o motivo seguinte, enquanto os demais ficaram abaixo de 6%”, relata o IBGE.

O preço como barreira ainda existe. Segundo a pesquisa, 14,3% indicaram essa como principal motivo para não ter conexão. Além disso, a disponibilidade, embora ampla nas cidades, segue restrita no meio rural. Entre brasileiros desconectados nas áreas rurais, 16,1% apontaram a falta de serviço nos locais em que costumavam frequentar.

A importância do celular é evidente. Segundo a pesquisa, 77,1% de quem tem 10 anos ou mais possui um aparelho para uso pessoal. E enquanto a internet estava presente em 48,1 milhões de domicílios no fim de 2016, em mais de um quarto deles, 26,7%, a única conectividade era 3G ou 4G. Mais do que isso, para 33,4% das pessoas, o celular é o único meio de acesso a internet.

Ainda assim, a banda larga fixa foi apontada como a conexão mais usada, por 81%, enquanto dados móveis por 76,9%. “Constatou-se que é comum o uso de mais de um tipo de conexão, pois, das pessoas de 10 anos de idade que utilizaram a Internet, 21,5% o fizeram somente por banda larga fixa e 17,4%, somente por banda larga móvel”. Sinal de que o apetrecho para conectar costuma ser o celular, mas de preferência quando há WiFi disponível.

Faz sentido, especialmente diante das preferências medidas pelo IBGE. Se praticamente todos (94,2%) troca mensagens, sejam de voz, texto ou imagem, “assistir a vídeos, inclusive programas, séries e filmes, foi apontada por 76,4% dessas pessoas, vindo logo em seguida conversar por chamadas de voz ou vídeo (73,3%) e, por último, enviar ou receber e-mail (69,3%)”.

“O acesso pelo celular está acima de 90% em todas as grandes regiões. Além da velocidade, o celular permite acessar a Internet por redes sem fio públicas ou gratuitas, sem exigir uma rede de transmissão de dados”, resume a gerente da pesquisa do IBGE, Maria Lucia Vieira.

No geral, a pesquisa mediu que a Internet era utilizada em 48,1 milhões, ou 69,3% dos 69,31 milhões de domicílios do país, estando disseminada na maioria dos domicílios em todas as Grandes Regiões: no Sudeste, 76,7% das residências a possuíam; no Centro-Oeste, 74,7%; no Sul, 71,3%; no Norte, 62,4%; e no Nordeste, 56,6%.