Espectro
Recurso crítico para as telecomunicações
SÉRIE ESPECIAL
Na série especial sobre espectro, o TelComp On Line entrevistou 3 consultores, Carlos Duprat, Lourenço Pinto Coelho e Sérgio Quiroga, que em conjunto, contam com mais de um século de experiência em telecom, para analisar as perspectivas de desenvolvimento da 5G pela ótica das operadoras competitivas, confira:
TelComp: Qual o principal motivador para que as Operadoras Competitivas participem do próximo leilão de espectro
Proteção e aumento da base de clientes, inovação em serviços e incremento de receitas. Ao se transformar em prestador de serviços móvel de acesso à internet (WISP), a operadora ganha maior aproximação com sua base de clientes, o que ajuda na retenção e na oferta de outros serviços além de ganhos de escala.
TelComp: Quais são as principais barreiras de entrada para operadoras competitivas e ISP no leilão do 5G?
Definir estratégia para competir com grandes grupos; criar modelo de negócios; escolher equipamentos, softwares, arquitetura de redes e terminais de clientes; além de desenvolver know how e absorver as novas tecnologias. Tudo isto precisa ser refletido num business case que viabilize os grandes investimentos necessários.
As dificuldades não são poucas. Enfrentar grandes grupos com escala global e grande poder de mercado, inclusive para a aquisição de equipamentos e terminais, não é simples. Começar uma rede wireless do zero, sem contar com o “apoio” das redes 4G e anteriores, é desafiador.
TelComp: O modelo de blocos regionais deve resultar em áreas extensas: Como enfrentar este desafio?
Naturalmente é preciso sensibilizar a Anatel sobre a importância de definir áreas menores e definição de obrigações compatíveis com o perfil de operadoras que iniciarão projetos do zero. A formação de consórcios e parcerias para uso de redes fixas será muito importante e é preciso começar a trabalhar logo.
TelComp: Qual a importância da faixa de 700 MHz?
A faixa é importante pois possibilita área de cobertura muito ampla, permite complementar as redes de fibra óptica com o “Fixed Wireless Access” e é importante para desenvolver e operar a rede em 3,5 GHz. E ainda, os primeiros terminais 5G estarão disponíveis na frequência de 700 MHz.
TelComp: Qual são as perspectivas para o IoT na era da 5G?”
Como a própria definição do IoT pressupõe a conexão das coisas à internet, e sabendo-se que a 5G trará baixíssima latência e alta flexibilidade, fica evidente que os benefícios de sua implantação viabilizarão diversas aplicações que exigem tempos de resposta muito curtos, dentre elas, cirurgias remotas e indústria 4.0. Tudo isto representa potencial de fontes adicionais de receitas para as operadoras.
TelComp: Quais são as vantagens da arquitetura “Open Ran”?
A “Open Ran” permitirá a interoperabilidade ampla entre os diversos elementos da rede o que proporciona flexibilidade na concepção de redes e escolha de fornecedores, além de redução de custos. A maior variedade de fornecedores de rádio pode reduzir o custo do “RAN” em cerca de 30%. O mesmo pode ser verificado em relação a outros elementos de redes.
Nos dois principais fóruns internacionais, “O-RAN Alliance” e a “Open RAN Policy Coalition”, os principais vendors atuais estão presentes, ao lado de um leque expressivo de outros, o que incentivará a competição e, por conseguinte, a inovação.
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Carlos Duprat: Ex-diretor da Telebrás, da Qualcomm e ex-VP da Ericsson do Brasil.
Lourenço Pinto Coelho: Ex-VP Executivo da Ericsson América Latina & Caribe, ex-Presidente da ABRINTEL e ex-Professor Associado da Fundação Dom Cabral.
Sérgio Quiroga: Ex-Presidente da Ericsson América Latina & Caribe e ex-VP mundial de vendas da Ericsson. Atualmente, é Diretor Presidente da CAVA Consultoria além de participar em conselhos de empresas.
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O TelComp On Line está publicando Série Especial sobre espectro. Regulamentação, tecnologia e cases. Participe! Envie suas questões de tópicos de interesse e faremos matérias específicas, envie seus “casos de uso” e divulgaremos. Contribua!