GSMA: Enquanto 5G demora, 4G vai garantir receitas por mais 10 anos

Luís Osvaldo Grossmann | Convergência Digital

A Associação GSMA, talvez a principal entidade global de defesa dos interesses das operadoras móveis, divulgou um novo estudo que lança luz sobre as hypes do momento, 5G e IoT, apresentando uma visão mais pé-no-chão para o futuro do mercado de telefonia na próxima década. No relatório, a entidade sustenta que conectividade é commodity, conteúdo é para quem sabe fazer conteúdo, e as receitas, ao menos até 2025, estão no 4G, não nas novas ondas.

O relatório sobre ‘Tendências Móveis Globais’ da GSMA destaca que o 5G está chegando, mas concentrado nos mercados mais prósperos e que investem pesadamente em pesquisas nessa área – China, Japão, Coreia do Sul e Estados Unidos. E mesmo nesses, as novas ondas tecnológicas representadas pelo 5G e pela internet das coisas têm muito mais potencial junto aos clientes corporativos. As aplicações que podem exigir aspectos ligados ao 5G, como baixa latência, caso de realidade virtual ou aumentada, ainda estão longe em termos de se tornarem aspectos relevantes para as receitas das teles móveis.

Segundo a análise da GSMA, serviços 5G em smartphones – portanto, ao consumidor – envolvem especialmente velocidades maiores de conexão e entretenimento imersivo. O nó comercial para as teles é que supervelocidades, acima de 1 Gbps, não vão ser capazes de alavancar receitas significativamente maiores do que no 4G. E as tecnologias de realidade virtual, aumentada, etc, simplesmente não estão presentes ainda, sendo que a monetização disso também representa uma dúvida. Um outro uso, com o 5G servindo de alternativa para a última milha, tende a representar um ganho apenas marginal às móveis.

“Para operadoras em muitas parte do mundo, o LTE é e vai continuar sendo o pilar para os próximos 10 anos, pelo menos”, afirma o relatório da GSMA, que projeta um crescimento de 57% no total dessas conexões 4G até 2025. “O 5G vai alcançar 15% [puxado pelos mercados já citados], mas será mais um complemento do que uma substituição do LTE”, insiste a GSMA.

Diz ainda o documento que “a oportunidade de 5G/IoT está sendo transferida para as empresas. O 5G e a IoT vão abrir novas oportunidades em uma gama de setores empresariais, sendo que 10 bilhões de conexões adicionais de IoT industrial serão realizadas até 2025. Isto também irá impulsionar a mudança para informática de ponta e descentralizada, a qual levará os participantes de telecomunicações e em nuvem (particularmente Amazon e Microsoft) a uma mescla de concorrência e parceria na prestação de serviços a uma ampla gama de setores empresariais, operações de revisão com conectividade e análise avançadas”.

“O crescimento do volume é mais claro do que o crescimento das receitas. Um total de 16 bilhões de conexões de IoT (industrial e de consumo) serão adicionadas até 2025, junto com o crescimento de conexões 4G e 5G em curso. Entretanto, até que novas fontes sejam criadas nessas novas áreas, a perspectiva de receitas para as operadoras será modesta. As receitas mundiais da mobilidade chegaram a US$ 1 trilhão em 2017, mas o crescimento das receitas provavelmente irá se manter ao redor de 1% ao ano no período até 2025.”