Modernizar a infraestrutura urbana é questão de segurança

Por Luiz Henrique Barbosa, Presidente Executivo da TelComp

As tempestades que frequentemente atingem as grandes cidades brasileiras escancaram uma triste realidade: nossa infraestrutura de telecomunicações e energia ainda é frágil e coloca vidas em risco. No último dia 12 de março, São Paulo viveu mais um episódio trágico – ventos superiores a 60 km/h derrubaram mais de 300 árvores, deixaram cerca de 170 mil pessoas sem energia e, tragicamente, causaram a morte de um taxista, vítima de uma árvore que caiu sobre seu veículo. Cenários como este exigem ações imediatas.

É fato que, se as redes não fossem aéreas, possivelmente não teríamos tantas interrupções de energia e telecomunicações durante as tempestades e rajadas de vento. No entanto, para termos redes subterrâneas robustas, precisamos de um plano igualmente robusto de enterramento em toda a cidade. Essa transformação traz impactos significativos: desde as interferências no trânsito de veículos e pedestres devido às obras, até o barulho e a complexidade de escavações em áreas urbanas densas. Em uma metrópole como São Paulo, os desafios são ainda maiores – o solo foi ocupado de forma desordenada, muitas redes subterrâneas não estão mapeadas adequadamente, e o risco de danificar estruturas existentes de água, esgoto e gás é real. Além disso, o custo é elevado.  Hoje, o custo médio de enterramento na capital paulista é de R$ 4 mil por metro de rede. Por quilômetro de rede construída, o valor chega a R$ 4 milhões.

 As empresas do setor estão prontas para colaborar, mas é preciso considerar também outras medidas complementares, como o manejo adequado de árvores. Muitas quedas poderiam ser evitadas com podas regulares e escolha de espécies mais adequadas. Uma árvore não apodrece e cai do dia para a noite – é um processo que leva anos e a demora na manutenção preventiva agrava os riscos. 

Não se trata apenas de modernização, mas de proteger vidas e garantir a continuidade dos serviços essenciais. Porém, esse não pode ser um projeto de um governo ou outro – precisa ser um plano urbano de longo prazo, com continuidade entre gestões e previsibilidade orçamentária. Infelizmente, o tema só ganha destaque após eventos climáticos extremos, que estão se tornando cada vez mais frequentes.

A TelComp está comprometida em promover esse debate de forma realista, buscando soluções viáveis em parceria com o poder público e as concessionárias. Não podemos esperar a próxima tempestade para agir. A segurança e a qualidade de vida das pessoas devem estar em primeiro lugar – mas precisamos de planejamento, investimentos sustentáveis e ações integradas para alcançar esse objetivo.